O Brasil caminha para uma transformação estrutural no crédito imobiliário. A proposta em discussão no Conselho Monetário Nacional (CMN) prevê o fim da obrigatoriedade de destinar recursos da poupança ao financiamento habitacional e a eliminação do compulsório.
Atualmente, 65% da poupança deve ir para o crédito imobiliário, 20% fica no Banco Central como compulsório e 15% é de uso livre. Com o novo modelo, esses percentuais deixam de existir. Os bancos poderão captar recursos com instrumentos de mercado, como as LCIs (Letras de Crédito Imobiliário), e, a partir do crédito concedido, terão o mesmo valor da poupança para usar livremente.
Esse mecanismo funciona como um equalizador das taxas, garantindo que o custo do crédito permaneça próximo ao praticado hoje, mas com maior flexibilidade para o sistema financeiro. A expectativa é que, em dez anos, o saldo de crédito imobiliário dobre, alcançando níveis mais próximos a países emergentes, como África do Sul (18%) e Chile (30% do PIB).
Outro impacto importante é a possibilidade de securitização: ao basear-se em instrumentos de mercado, os bancos poderão vender parte das operações no mercado secundário, fortalecendo o setor e trazendo mais liquidez.
Para os consumidores, isso pode significar mais acesso ao crédito habitacional, com condições de financiamento sustentáveis no longo prazo.
Fonte: ABECIP (Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança)